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10 DE MAIO DE 1937

Este foi um dia especial em Lisboa. Centenas de pessoas reuniram-se nas docas da Rocha do Conde de Óbidos, em Alcântara, para testemunhar o lançamento de dois navios que tinham acabado de ser construídos: o Santa Maria Manuela e o Creoula. Nesse dia, os estaleiros da Companhia União Fabril (CUF) encerraram para permitir que os seus funcionários assistissem à cerimónia. Os trabalhadores subiram para os guindastes de pórticos e preencheram as margens deste porto nas águas do Tejo. Todos queriam assistir ao lançamento destes navios gémeos, que tinham sido construídos em apenas 62 dias e que se destinavam à pesca do bacalhau na Terra Nova e na Gronelândia. Esta foi uma ocasião solene, com a presença do Chefe de Estado e de vários ministros, e representou uma proeza única para a indústria naval portuguesa.

VASCO ALBUQUERQUE D'OREY

Vasco Albuquerque d'Orey foi o armador da Empresa de Pesca de Viana que encomendou o Santa Maria Manuela aos estaleiros da CUF. O casco é feito de alambique, um detalhe importante pois permite que o navio navegue por mares gelados. O navio foi batizado com o nome da esposa do proprietário do navio, Maria Manuela, mãe de 16 filhos.

As aventuras nos mares do Norte

O Santa Maria Manuela foi construído para a pesca do bacalhau. A partida dos navios para as margens da Terra Nova e da Gronelândia foi um momento muito emocionante, quando as famílias se reuniram para se despedirem e contou também com a presença de altas personalidades da Igreja e do Governo. As lágrimas dos familiares contrastaram com o sentimento de expetativa dos pescadores, que tinham grandes esperanças de regressar a Portugal com os porões dos navios cheios de bacalhau. A pesca era o seu único sustento.

As Campanhas

No convés do Santa Maria Manuela estavam 50 doris - pequenos barcos de pesca rasos. Estas embarcações foram colocadas na água a pedido do comandante: "Baixemos estas embarcações e que Deus esteja connosco".

Cada dori levava um pescador. Depois de pousar nos mares gelados, cada homem seguiu o seu próprio destino com a ajuda de lemes ou de uma pequena vela. Por vezes, navegaram quilómetros desde o SMM e desapareciam no meio do forte nevoeiro. Os pescadores passaram 13 horas consecutivas sozinhos nos doris. Lançaram centenas de metros de linha com anzóis e isco na água, na esperança de ter sorte.

Se tudo corresse bem, um único pescador poderia pescar meia tonelada de bacalhau num só dia. Há relatos de naufrágios de doris devido ao peso das suas capturas, tal foi a vontade e o entusiasmo dos pescadores. Ao regressarem a bordo, os homens jantaram - sopa, peixe e uma caneca de vinho - e passaram a escalar e a salgar o bacalhau. O SMM só regressaria a casa quando os porões do navio estivessem cheios de peixe. "O momento em que a bandeira nacional foi içada e começou a viagem de regresso para Portugal, foi o dia mais feliz a bordo", recorda o comandante, Vitorino Ramalheira.

Os barcos Dori

No convés do Santa Maria Manuela seguiam dezenas de barcos dori - pequenos barcos rasos. Estes navios só foram colocados sobre as águas, depois do capitão ter verificado as condições necessárias e dado a ordem: "Baixemos estas embarcações e que Deus esteja connosco". Cada barco dori transportava um pescador. Depois de pousar nos mares gelados, cada homem seguiu o seu próprio destino com a ajuda de lemes ou de uma pequena vela. Por vezes navegavam a milhas de distância do SMM e desapareciam no meio do forte nevoeiro. Os pescadores passavam 13 horas consecutivas nos barcos dory e lançavam centenas de metros de linha com anzóis e isco para a água. Se tudo corresse bem, um único pescador poderia pescar meia tonelada de bacalhau. Há relatos de barcos dori que afundaram com o excesso de peso, tal foi a vontade e entusiasmo dos pescadores. Ao regressarem a bordo, os homens jantaram - sopa, peixe e uma caneca de vinho - e passaram a escalar e a salgar o bacalhau. O SMM só regressaria a casa quando os porões do navio estivessem cheios de peixe. "O momento em que a bandeira nacional foi içada e começou a viagem de regresso para Portugal, foi o dia mais feliz a bordo", recorda o comandante, Vitorino Ramalheira.

A FROTA BRANCA PORTUGUESA

Vasco Albuquerque d'Orey foi o armador da Empresa de Pesca de Viana que encomendou o Santa Maria Manuela aos estaleiros da CUF.
O casco é feito de aço, o que permitia que o navio navegasse por mares gelados.
O navio foi batizado com o nome da esposa do proprietário do navio, Maria Manuela, que teve uma família com 16 filhos.

UM NAVIO NASCE DE UM CASCO

O Santa Maria Manuela sofreu uma série de mudanças estruturais ao longo dos anos, desde a remoção dos mastros até à instalação de uma ponte de navegação. O navio seguiu a evolução dos tempos que ditaria o fim da pesca por linha e dos doris.
Em 1993, o navio foi considerado obsoleto, foi desmontado e apenas permaneceu o casco em aço. No ano seguinte, foi criada a Fundação Santa Maria Manuela, um projeto que reuniu 17 instituições sob um único objetivo: recuperar o navio. Mas só em 2007, após o casco ter sido comprado pela empresa Pascoal, é que começaria a renovação. Este projeto levou quatro anos a terminar.
Em 10 de Maio de 2010, no seu 73º aniversário, o SMM aproximou-se do porto de Aveiro com as suas velas içadas, o casco pintado de branco e atracou no seu novo cais na Gafanha da Nazaré (onde está sediada a empresa Pascoal). Este foi o primeiro dia da nova vida deste navio. Em Novembro de 2016, o Santa Maria Manuela foi comprado pela empresa Recheio, pertencente ao Grupo Jerónimo Martins. Após uma maior modernização, o SMM encontra-se hoje em excelentes condições e é utilizado para turismo marítimo, formação de velejadores, programas empresariais de desenvolvimento de equipas, eventos no convés, cenários cinematográficos e programas ambientais.

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